O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, disse nesta quarta-feira (6) que não havia nada de errado na ideia de Donald Trump de deslocar os palestinos de Gaza depois que a proposta do presidente dos Estados Unidos foi amplamente criticada internacionalmente.
“A ideia real de permitir que os moradores de Gaza que querem sair saiam. Quero dizer, o que há de errado nisso? Eles podem sair, podem voltar, podem se realocar e voltar. Mas você tem que reconstruir Gaza”, afirmou Netanyahu em uma entrevista à Fox News.
O premiê israelense acrescentou que Israel continua comprometido em eliminar o Hamas sem o envolvimento de tropas dos EUA.
Netanyahu também afirmou que o retorno de Trump à Casa Branca fortaleceria os esforços para conter a influência do Irã na região, acrescentando que “elevaria o espírito dos israelenses” e daqueles que buscam um “Oriente Médio próspero e pacífico”.
“EUA tomarão conta da Faixa de Gaza”
Donald Trump, presidente dos Estados Unidos, afirmou em entrevista coletiva ao lado de Benjamin Netanyahu, primeiro-ministro de Israel, na terça-feira (4) que os palestinos devem realocados da Faixa de Gaza e que os EUA tomariam controle do território.
Em vez de Gaza, Trump sugeriu que os palestinos recebessem um “bom, fresco e belo pedaço de terra” para viver.
Além disso, em resposta a Kaitlan Collins, da CNN, o republicano disse que Gaza tem o potencial para se tornar “a Riviera do Oriente Médio”, com pessoas de diversos países vivendo lá.
Anteriormente, ele já havia dito que o Egito e a Jordânia deveriam receber palestinos, ideia que foi refutada pelos dois países.
Repercussão internacional
A proposta repercutiu internacionalmente entre líderes mundiais que em sua maioria criticaram a ideia.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que o plano de Trump “não faz sentido”. “Onde os palestinos viveriam? Isso é algo incompreensível para qualquer ser humano… Os palestinos são os que precisam cuidar de Gaza“, destacou.
O primeiro-ministro do Reino Unido, Keir Starmer, destacou que os palestinos “devem ter permissão para voltar para casa, devem ter permissão para reconstruir, e devemos estar com eles nessa reconstrução no caminho para uma solução de dois estados”.
A ministra das Relações Exteriores da Alemanha, Annalena Baerbock, pontuou que a Faixa de Gaza pertence aos palestinos e que a expulsão da população seria inaceitável e contrária ao direito internacional.
“Também levaria a um novo sofrimento e a um novo ódio… Não deve haver solução sobre as cabeças dos palestinos”, ponderou.
A França reiterou oposição a qualquer deslocamento forçado da população palestina de Gaza.
A China, por sua vez, espera que “todas as partes tomem o cessar-fogo e a governança pós-conflito como uma oportunidade para trazer a questão palestina de volta ao caminho certo de acordo político com base na solução de dois Estados”.
Veja a reação de outros países nesta matéria.
Este conteúdo foi originalmente publicado em “O que há de errado nisso?”, diz Netanyahu sobre ideia de Trump para Gaza no site CNN Brasil.