Especialista comenta sobre importância da campanha e destaca ações que podem ajudar na qualidade de vida mental
Em uma pesquisa realizada pelo Instituto IPSOS em 30 países e divulgada no final do ano passado, o Brasil aparece em primeiro no ranking como o país que mais preocupa com a saúde mental. E é nesse caminho pelo qual os brasileiros já começam o ano com a campanha “Janeiro Branco”, ação voltada especificamente para o tema.
Criada no ano de 2014 por psicólogos do município de Uberlândia-MG, a campanha surgiu na inspiração de ações como Setembro Amarelo e Outubro Rosa. Segundo o coordenador do curso de Psicologia da UNINASSAU Petrolina, Mizael Neto, a ideia é justamente promover a saúde mental para as pessoas entenderem a sua importância. “A proposta é mostrar que, dentro das questões de saúde, existe a saúde mental e é importante não só focar apenas em movimentos como psicoterapia ou utilização de medicação, mas em práticas de afirmação da vida, de qualidade de vida, nas quais fazem os sujeitos se sentirem bem. Por exemplo, tem gente que melhora fazendo uma caminhada, indo para academia ou jogando futebol. Cada um tem seus modos singulares de lidar com o sofrimento, e a campanha vem muito no sentindo de dar visibilidade a isso”, explica.
Apesar de a campanha ter sido estabelecida no mês de janeiro, o especialista destaca a necessidade de dar visibilidade ao tema em todos os períodos do ano. “Há críticas sobre resumir a campanha em um mês. Não faz muito sentido passar o mês de janeiro falando sobre a importância do cuidado com a saúde mental e, em fevereiro, esquecer disso, ignorar como se não tivesse importância alguma. A saúde mental está no ano inteiro. Então, as ações de cuidados precisam ser durante todo ano”, enfatiza Mizael.
Sobre como identificar quando a pessoa precisa de atenção especial para as questões da saúde mental, o psicólogo afirma que o nível de sofrimento é um dos sinais. “O ponto principal é o sofrimento. Todo mundo sofre, isso é muito unânime. Entretanto, existem sofrimentos dos quais a gente não consegue lidar sozinho. Então, quando a gente percebe estar em uma ordem de sofrimento na qual não dá conta, talvez seja o momento de sinalização para gente sobre a importância de se cuidar”, explica.
Mizael também ressalta a cultura preconceituosa com quem sofre com problemas mentais, fato no qual muitas vezes impede de as pessoas buscarem ajuda. “Isso é todo um processo. Não é bonito socialmente dizer que está indo ao psicólogo ou psiquiatra, porque nossa cultura não permite a fraqueza. Adoecer não é socialmente aceito, principalmente adoecer por algo psíquico, com algum transtorno mental. A gente precisa ter um certo cuidado, estar atento com isso para não deixar de se cuidar por conta daquilo que os outros vão achar”, alerta.
Em relação quais ações podem ser feitas para ajudar a evitar esse tipo de problema, o especialista dá algumas orientações. “’É importante ver aquilo que te faz bem. Algumas pessoas têm rotinas quase impossíveis de parar para ter momento de descanso, mas, diante da correria do dia, é ver o que pode ser feito para ser um pouco mais leve, tornar um pouco menos estressante ou quais são as linhas de fuga para quando tiver muito estressado. E o cuidado profissional, procurar um especialista também é indispensável”, finaliza.