Novo modelo de produção de ovinos e caprinos é apresentado a produtores rurais durante a Expocuraçá
Durante todo o final de semana (21, 22 e 23) criadores de ovinos e caprinos que participaram da 8ª Expocuraçá, tiveram a oportunidade de conhecer um novo modelo de produção desses animais.
No evento realizado no parque de exposições da cidade de Curaçá (BA), pela prefeitura municipal com o apoio do Sebrae, foi montada uma unidade produtiva (aprisco) com capacidade para 50 matrizes com o objetivo de demonstrar para os produtores a maneira correta de criar os animais para se obter lucro em um espaço menor de tempo.
Foi montado também um Creep feeding, que é uma espécie de cocho privativo, onde é feita a suplementação de um a dieta de animais jovens, principalmente borregos e cabritos, oferecendo alimentos para animais que ainda estão mamando.
Para concluir o processo produtivo, foi construído um sistema de confinamento do cabrito e do cordeiro, mostrando para o produtor rural que se ele investir em alimentação terá retorno no seu negócio.
A nova estratégia defendida pelo Projeto Bioma Caatinga, desenvolvido pelo Sebrae Juazeiro e a Fundação Banco do Brasil, estimula os criadores a produzirem em confinamento o cordeiro e cabrito, abatidos em três momentos e por definição do seu produto: O cabrito e o Cordeiro Lechal ou mamão, como também é conhecido no Brasil, que deverá ser abatido e comercializado com 30 dias de vida, o Cabrito e o Cordeiro precoce que deverá ser abatido e comercializado com 60 dias de vida, e o cabrito e o cordeiro que deverá ser abatido e comercializado até 150 dias de vida.
De acordo com Robério Araújo, analista do Sebrae e coordenador do Projeto Bioma Caatinga, mantendo os animais em confinamento, investindo em ração um valor de R$ 5,32 (Cinco Reais e Trinta e Dois Centavos) por animal, o produtor poderá ter um rendimento bruto de R$ 210, 00 (Duzentos e dez reais), em cada cabrito ou cordeiro abatido com essa idade, se sua opção for produzir o Lechal. Optando pelo cabrito e cordeiro precoce seu custo é de R$ 14,44, com rentabilidade, já percorrendo todos os 150 dias tem um custo com alimentação de R$ 64,30. A decisão das opções deve ser considerada pelas características da propriedade, mercado e capital de giro disponível.
“Nós estamos mostrando para os criadores, por exemplo, que se eles gastarem R$ 5,32 (Cinco reais e trinta e dois centavos) eles conseguem dar uma boa alimentação ao borrego ou ao cabrito para que ele tenha um desempenho maior do que ele teria somente com o leite da mãe. Nós chegamos à conclusão que o produtor pode ganhar muito mais dinheiro, se ele entender que precisa entrar nesses negócios que envolvem a cadeia do caprino e ovino”, afirmou Robério Araújo.
O novo modelo agradou aos criadores que participam das palestras realizadas durante a Expocuraçá. O advogado e criador de ovinos e caprinos Ivanildo Almeida, quer implantar a nova metodologia em sua propriedade até o final deste ano.
“Eu acredito que é possível sim isso acontecer e já quero iniciar esse processo e quero até o final do ano, ter condições junto com outros produtores, de oferecer no mercado esse novo produto. No natal eu não quero comer Peru, vou levar o cordeiro Lechal pra minha mesa”, afirmou Ivanildo.
O criador Laércio de Jesus, que veio de Pilar, que é distrito do município de Jaguarari (BA), também ficou interessado na nova estratégia. “A forma que o Projeto Bioma Caatinga está propondo eu acho mais viável, porque nossa forma tem muitas coisas que não está certo. Então com essa orientação tem como a gente ter lucro de imediato. Eu gostei e vou trabalhar para implantar em minha propriedade”, disse o criador.
A proposta do Projeto Bioma Caatinga também incentiva os criadores a explorar outros produtos do caprino e do ovino com valor agregado. Como por exemplo, oferecer o esterco para a jardinagem e os produtores de manga, já embalado em embalagens padronizadas.
“Ele pode inovar nos negócios e facilitar o trabalho para quem tem jardim em casa ou para os produtores de manga e ganhar dinheiro com isso. Por exemplo, hoje o esterco é vendido no chiqueiro por cerca de R$ 2,50 (Dois Reais e Cinquenta Centavos) um carrinho de mão. Nós fizemos uma conta e chegado à conclusão que se ele embalar, ele pode vender essa mesma quantidade por até R$ 120,00 (Cento e Vinte Reais)”, garantiu Robério Araújo, coordenador do Projeto Bioma Caatinga.