Dos vinhos de Casa Nova à arquitetura histórica de São Luís: o Nordeste pode oferecer mais do que apenas as praias.
As praias nordestinas arrastam multidões do Sudeste e até de outros países, como Argentina e Chile, para a região durante o verão no Hemisfério Sul. No entanto, quando chega o inverno, apesar das temperaturas ainda altas, esse público tende a buscar por destinos de inverno mais próximos – os paulistanos viajam a Campos do Jordão, São Francisco Xavier ou Monte Verde (MG), os cariocas vão a Petrópolis e os curitibanos descem a serra em direção a Morretes.
No entanto, existem destinos alternativos na região que, para além de pontos turísticos para qualquer brasileiro, contam histórias sobre a própria cultura nordestina, seja na religião, no folclore ou na alimentação.
Um exemplo disso é Cas Nova, às margens do Rio São Francisco, uma das cidades na região Norte do estado em que, aliada à Petrolina, em Pernambuco, já na divisa com a Bahia, são as mais admiradas do Brasil por instituições internacionais, que colocaram o município na lista dos 20 locais do “futuro” do país. Para além dos reconhecimentos, pouca gente sabe que é uma região produtora de vinho – cujas uvas são irrigadas com as águas do rio – e que inclusive já ganhou prêmios pela produção da bebida.
Os quatro destinos mais indicamos localizados no Nordeste para visitar no inverno – que começou no último dia 21, são:
Petrolina (PE)
Na divisa entre os estados do Pernambuco e Bahia, nas margens do Rio São Francisco, fica uma das maiores cidades do interior nordestino: Petrolina, que, além do rótulo de grandeza, é considerada um dos pólos de desenvolvimento econômico e social da região. Em 2010, a revista estadunidense National Geographic a colocou na lista dos 20 “municípios do futuro” brasileiros. Uma das maiores atrações de Petrolina é a sua produção de vinhos a partir da irrigação com as águas do Rio São Francisco, que resulta em bebidas tropicais, aromáticas e bastante ácidas – características próprias do cultivo local. Em 2012, o vinho Testardi, elaborado por meio da uva Syrah, em Petrolina, foi eleito o melhor do país.
O vinho é tão importante na economia da cidade que algumas agências de turismo elaboraram passeios específicos a vinícolas da região, que ainda inclui as cidades de Lagoa Grande, em Pernambuco, e Casa Nova, já na Bahia. De quebra, quem viaja a Petrolina, pode conhecer outra grande cidade do interior nordestino: a baiana Juazeiro, do outro lado do Rio São Francisco. A cidade fica a 700 km da capital pernambucana – os turistas podem ir aos postos de aluguel de carros em Recife que permitem entregar os veículos no destino final.
Ainda na Bahia, Feira de Santana , Feira de Santana é, ao contrário da calmaria de Petrolina, uma experiência histórica. Maior cidade do interior nordestino e a sexta maior entre os municípios interioranos brasileiros, é repleta de construções antigas, como a Catedral Metropolitana de Sant’Ana, a Igreja Senhor dos Passos e o Paço Municipal Maria Quitéria, que faz parte de uma bonita praça de mesmo nome. Conhecida pelo seu carnaval fora de época, organizado entre abril e maio – quando milhões de pessoas viajam à Feira –, é a cultura que mobiliza o turismo local.
Além das igrejas e praças, a cidade tem um potencial cultural: além dos museus com obras de importantes artistas brasileiros, ela, como um dos retiros do escritor baiano Jorge Amado, foi visitada por intelectuais como Jean-Paul Sartre e sua mulher, Simone de Beauvoir, em 1962, um dos principais acontecimentos da história do município.
Juazeiro do Norte (CE)
Cidade na região do Cariri, no Ceará, seu peso religioso na região nordestina que faz com que, a cada ano, milhões de pessoas se desloquem de várias partes da região e de outros estados brasileiros para visitá-la.
Em 1969, mais de 30 anos após a morte de Padre Cícero – um dos maiores religiosos da história do país –, uma estátua de 27 metros foi inaugurada no alto da colina ao lado do município para homenageá-lo. É a terceira maior armação em concreto do mundo e recebe cerca de 2,5 milhões de pessoas por ano, que, além da construção, também visitam a igreja e o museu que integram o complexo.
Segundo estudos da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Juazeiro é também a cidade com o maior número de pessoas envolvidas em atividades culturais, como grupos folclóricos, religiosos, literatura de cordel, xilografia e, claro, o tradicional forró.
São Luís (MA)
Também construída entre uma baía e o encontro de vários rios, São Luís dá acesso a um dos destinos turísticos mais famosos do mundo: o Parque Nacional dos Lençóis Maranhenses, localizado a 260 km da cidade. Nos últimos anos, porém, cresceu também a procura por visitantes interessados em explorar as particularidades da única capital brasileira fundada por franceses, no século 17, e invadida por holandeses e por portugueses nos anos seguintes.
Em 1997, uma parte do centro histórico de São Luís foi declarada Patrimônio Imaterial da Humanidade pela Unesco, órgão da ONU para a cultura. Entre os prédios mais visitados estão o Palácio dos Leões, residência oficial do governador do Maranhão, o Palácio de La Ravardière, que serve como sede da prefeitura, a Catedral de São Luís, o Palácio Episcopal, o Museu Histórico e o Convento das Mercês.
No entanto, se a busca é por uma experiência mais moderna, a cidade possui uma área nova, do outro lado do Rio do Anil, ligada pela Ponte José Sarney, onde na década de 1990 começaram as construções de arranha-céus, shoppings centers, restaurantes sofisticados que servem pratos típicos como o arroz-de-cuxá e bares ao redor da charmosa Lagoa da Jansen – onde acontece o agito noturno.