O ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares foi condenado pela maioria no Supremo Tribunal Federal (STF) por crime de corrupção ativa nesta terça-feira, após voto da ministra Cármen Lúcia, que também condenou o ex-ministro José Dirceu e o presidente do partido à época, José Genoino, por envolvimento no esquema de compra de apoio parlamentar.
Com o voto de Cármen, Dirceu já conta com quatro votos pela sua condenação e dois pela absolvição. Já Genoino tem cinco votos pela condenação, e apenas um a seu favor.
O voto da ministra segue na íntegra o do relator, Joaquim Barbosa. Ela condenou também o publicitário Marcos Valério, acusado de ser o principal operador do esquema de compra de apoio parlamentar ao governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, revelado em 2005.
Em um voto rápido, a ministra reconheceu não haver provas contra Dirceu –tese da defesa do ex-ministro–, mas disse que “todos os indícios e provas apresentadas” comprovam que houve vantagem indevida “ofertada e garantida” pelo ex-ministro.
Ela também rebateu a defesa de Dirceu, que disse que o réu não tinha relação com Valério. “A ligação de Marcos Valério com José Dirceu fica comprovada.”
Cármen desconstruiu ainda a tese da defesa de Genoino, que apelou à história do petista para rebater as acusações contra ele. A ministra disse não estar “julgando histórias”, já que estas, às vezes, são feitas “com desvios que seriam impensáveis”.
CAIXA DOIS
Mas a maior parte do voto de Cármen foi destinada a Delúbio, único réu que confessou a prática de algum crime, o de caixa dois eleitoral, tese defendida por outras defesas no processo. Ela disse ter sentido “profundo desconforto” com a admissão do crime pela defesa de Delúbio.
“Alguém afirmar que houve ilícito, como se viu aqui, é algo inusitado e inédito na minha profissional”, disse a ministra, que também é presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE)