O goleiro Bruno tentou falar algo com o amigo Luiz Henrique Romão, o Macarrão, durante o julgamento nesta terça-feira. Os dois policiais militares, contudo, advertiram Bruno e pediram silêncio. Já Fernanda Gomes de Castro, ex-namorada do goleiro, aparenta cansaço e descansa com a cabeça na cadeira da frente.
A delegada Ana Maria Santos começou a ser ouvida no fim da manhã desta terça. Ela participou das investigações de sequestro, cárcere privado e suposta morte da modelo Eliza Samudio. Durante o depoimento da delegada, Macarrão chegou a chorar.
Ela descreveu como o então menor Jorge Luiz Rosa, primo do goleiro Bruno, revelou a suposta morte e o que teria sido feito com o corpo de Eliza Samudio. Chorando, Macarrão falou para o advogado: “É mentira, é mentira”, disse em voz baixa, enquanto a delegada detalhava a narrativa de Jorge sobre a morte de Eliza. Jorge Luiz está inserido noPrograma de Proteção a Crianças e Adolescentes Ameaçados de Morte.
Com fisionomia séria, Bruno e Dayanne acompanham sessão | Foto: Alexandre Brum / Agência O Dia
Segundo Ana Maria, o menor informou que Macarrão fez contato com um homem, conhecido como “Neném” ou “Bola”, de calça camuflada do Exército e que, na estrada, fez sinal para que o carro onde o amigo de Bruno estava o seguisse. Chegando a uma residência, Macarrão e Bola tiveram uma conversa reservada em uma sala.
Mão humana jogada para cães
De acordo com ela, segundo Jorge, aquele seria o local que Eliza seria morta horas depois. Bola, ao tocar nas mãos de Elisa, ainda teria perguntado se ela usava drogas, segundo o depoimento de Jorge, relatado pela delegada.
Segundo dia de julgamento de Bruno
Goleiro decidiu destituir dois advogados, mas juíza só aceitou que um deles deixasse caso
Foto: Alexandre Brum / Agência O Dia
Jorge teria dito que Macarrão ficou assustado com a violência da morte da vítima, após ver Eliza espumar pela boca depois de receber chutes de Marcos Aparecido dos Santos, o Bola. “O menor relatou que o corpo da vítima foi levado para dentro da residência, com o pedido de que eles aguardassem, e depois ele retornou com um saco, que na percepção do menor e dos demais, ali estava o cadáver de Eliza. Jorge contou que Bola abriu o saco e tirou uma mão humana e a jogou para os cães”, concluiu.
A policial disse também que “a figura daquele homem (o assassino), lhe tirava o sono e lhe dava medo”.
‘Bruno mudou de estratégia’, diz advogado
Ex-advogado do goleiro Bruno, Rui Pimenta disse nesta terça-feira que foi surpreendido pela decisão e que o réu optou por uma nova estratégia. Ele afirmou que está com seus honorários em dia e que respeita a decisão do cliente. “O Bruno mudou de estratégia. Tenho que cumprir o desejo do meu cliente, mas foi uma surpresa. Tenho certeza que ele será absolvido”, comentou, momentos depois de ser destituído.
Macarrão é fotografado no momento da chegada ao Fórum de Contagem | Foto: Alexandre Brum / Agência O Dia
O advogado ainda negou que sua saída seja uma estratégia de defesa. “Não posso dizer que foi estratégia, foi uma opção pessoal dele (Bruno). Eu sou servo do desejo do cliente”.
Nesta terça-feira, durante o início do julgamento, o arqueiro sentou-se em frente à juíza Marixa Fabiane Rodrigues e fez o anúncio. “Peço desculpa a todos que aqui estão, mas não me senti seguro, estou destituindo o dr. Rui”, revelou Bruno, que pediu prazo para que indicasse outro advogado, o que foi negado pela magistrada.
Francisco Simim, que faz parte da equipe de defesa de Bruno e Dayanne Souza, ex-mulher do goleiro, seá o defensor do ex-jogador do Flamengo. Contudo, Bruno novamente se dirigiu à juíza e também destitui Simim. Ele afirmou que não gostaria de prejudicar a defesa de Dayanne. O promotor Henry Castro pediu então que o desmembramento do julgamento ocorra com relação Dayanne, que aguarda em liberdade, e não Bruno. O pedido foi aceito e Bruno será defendido por Simim, sem prejudicar Dayanne.
Ingrid, noiva de Bruno, faz sinal de positivo no segundo dia do julgamento | Foto: Alexandre Brum / Agência O Dia
Por determinação da magistrada, a ex-mulher de Bruno será julgada junto com Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, acusado de quatro crimes no caso Eliza Samudio. A ex-mulher do goleiro Bruno chorou no plenário. “A senhora está liberada”, disse a juíza Marixa. Dayanne deixou o tribunal pelo portão dos fundos, sozinha. Antes de entrar num táxi, disse apenas que estava passando mal.
Relembre o caso
A modelo paranaense Eliza Samudio teve um caso com o ex-goleiro do Flamengo. Depois de engravidar, afirmou que o pai da criança era Bruno. De acordo com a investigação da Polícia Civil, para se livrar das cobranças, Bruno teria planejado o assassinato de Eliza, então com 25 anos. A criança nasceu em 2010.
A vítima foi sequestrada em 4 de junho de 2010 na Barra da Tijuca. Dormiu na casa de Bruno no Recreio dos Bandeirantes e chegou ao sítio em Minhas Gerais dia 6. Ela teria sido assassinada no dia 10 do mesmo mês.
São julgados Luiz Henrique Romão, o Macarrão, amigo do atleta, Dayanne Souza, ex-mulher de Bruno, e Fernanda Gomes de Castro, ex-namorada do jogador. O adovogado do ex-policial civil Marcos Aparecido Santos, o Bola, ércio Quaresma, deixou o júri e seu cliente será julgado separadamente.
De acordo com a investigação da Polícia Civil, partes do corpo de Eliza foram entregues para cachorros e os ossos da vítima, concretados no mesmo terreno em que ela teria sido assassinada, um sítio em Esmeraldas (MG), propriedade de Bruno. Nada foi encontrado até hoje.
