Movimentações intensas nos bastidores, reuniões a portas fechadas, negociações por cargos. A menos de um dia da votação do pedido de abertura de processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff na Câmara dos Deputados, a tônica é mesma para governo e oposição, impulsionada, nos dois casos, pela percepção de algum ganho de fôlego do Palácio do Planalto.
Neste sábado, o clima era de jogo ainda indefinido na Câmara, mas com ânimo renovado na base aliada após esforços orquestrados pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para angariar mais votos contra o impeachment, contando com o apoio de governadores alinhados ao Planalto.
No grupo, estariam os titulares e representantes dos Estados do Ceará, Piauí, Amazonas, Acre, Maranhão, Rio de Janeiro, Bahia, Minas Gerais, Amapá e Paraíba.
“A participação dos governadores está sendo decisiva”, afirmou o deputado Paulo Teixeira (PT-SP), um dos vice-líderes do governo na Câmara. “Os deputados querem conforto numa votação, um conforto que os governadores podem dar”, disse.
Lula, exímio conhecedor das rivalidades regionais, tem insistido em explorá-las para engordar a lista dos deputados que devem votar contra o afastamento da presidente Dilma.
Segundo um parlamentar governista que pediu anonimato, a atuação do ex-presidente tem sido fundamental, pois a percepção dos parlamentares é que ele cumpre os acordos que fecha, ao contrário de Dilma.
“Não foram cinco nem dez viradas (de posição), foram mais de 20”, disse.
No Congresso, parlamentares da oposição criticavam a articulação do governo. O líder do DEM na Câmara, Pauderney Avelino (AM), disse que o partido irá entrar com queixa-crime contra Dilma na Polícia Federal por práticas corruptas na negociação de cargos em troca de votos.
Por Marcela Ayres (Reuters)